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TEKKEN 8 – Análise | OtakuPT

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Os entusiastas de jogos de luta atravessam um dos momentos mais prósperos deste género. Não só assistimos a um incrível calendário em 2023 composto por The King of Fighters XV, Street Fighter 6, Mortal Kombat 1, como a um dos regressos mais inacreditáveis, Fatal Fury. Tudo aponta para que em 2024 esta tendência se vá manter, porque o ano começa com outra grande atualização neste género, TEKKEN 8. Será que o Torneio do Punho de Ferro vai derrubar a concorrência ou vai partir a mão perante tais adversários?

A narrativa do jogo começa com as ações passadas de Jin Kazama quando ao vencer Jinpachi Mishima no final de TEKKEN 5 tomou conta do Mishima Zaibatsu e iniciou uma enorme guerra mundial que o colocou como o antagonista em TEKKEN 6. Desta vez, o mesmo aconteceu como o seu pai, Kazuya Mishima, que ao assassinar Heihachi Mishima, atirando-o para um vulcão, toma conta do conglomerado deste e anuncia uma nova edição do Torneio do Punho de Ferro. Contudo, como Kazuya é um homem cruel e manipulador, anuncia que quem perder no Torneio não só vai ser destruído como verá a sua nação erradicada do mapa pelas suas tropas. Felizmente nem tudo está perdido, isto porque o seu filho Jin Kazama e a sua mãe Jun Kazama, que inexplicavelmente ressuscita, regressam para lhe fazer frente.

No que toca à narrativa, TEKKEN não é o melhor exemplo de uma história bem elaborada (desde o primeiro jogo que é essencialmente a mesma no seio dos Mishima), ou seja, um membro sedento de vingança regressa para consumir a sua vingança e enfrenta o atual membro da família em posse do conglomerado. É certo que a narrativa pode dar uma ideia de que estamos perante uma história com elementos sérios, contudo, nada mais longe da verdade, isto pelo menos na superfície. O tradicional humor de Katsuhiro Harada continua a ser uma constante, visto que o senso comum é literalmente atirado pela janela. Sejamos sinceros, qual plateia jubila de felicidade quando um ser sanguinário anuncia que vai destruir um país se o seu lutador inscrito perder uma luta no torneio, já para não falar de um urso pardo que continua a declarar-se a um panda gigante com um peixe enorme envolto num laço cor de rosa? Contudo, podem crer que os últimos combates vão inundar-vos de uma adrenalina incrível porque são tão ridículos como espetaculares e colocam um ponto definitivo nas ambições dos Mishima, fãs do par de Jin Kazama e Ling Xiaoyu também vão ter momentos para sorrir, pelo menos o filho de Jun sorriu de orelha a orelha, e posso dizer-vos com total certeza que a linhagem Kazama/Mishima vai prosseguir. Também devido à abordagem de uma nova personagem conhecida como Reina, que se pode resumir de uma forma divertida como “That Time I Got Reincarnated as a High School Girl”, não tenho dúvidas em afirmar que os Mishima vão voltar nos próximos jogos, se bem que numa escala menor e talvez menos significativa.

Não são só os Mishima que permanecem com as mesmas histórias

Contudo, é devido a esta abordagem aberta e expansiva que estamos perante um jogo de luta que é verdadeiramente para todos. Ao contrário dos colossos Street Fighter e Mortal Kombat que receberam atualizações no ano passado, sempre foram séries focadas para as camadas competitivas. TEKKEN, com a introdução de minijogos, tais como TEKKEN BALL, TEKKEN BOWLING, TEKKEN FORCE e uma jogabilidade mais imediata, divertida e apelativa, consegue o feito de alcançar todos os públicos.

TEKKEN 8 continua com esta tendência ao oferecer um leque de diversão e entretenimento sem precedentes quer para o público casual como para o competitivo. O já citado minijogo TEKKEN BALL, uma versão extrema do voleibol onde os jogadores dão socos e pontapés numa bola insuflável de grandes proporções para causar danos ao jogador adversário, está de regresso assim como o modo Character Stories, onde assistimos a uma cena final com a personagem escolhida. Temos depois Arcade e Arcade Quest, sendo que ete último é uma novidade que emula a célebre Battle Hub de Street Fighter 6, onde também controlamos um avatar numa enorme sala de arcadas e enfrentamos “guerreiros fantasma“ controlados pelo CPU. Será que os jogadores vão conseguir conquistar o próprio Harada no seu próprio jogo? Também existe um espaço dedicado onde encontrámos novamente um robusto modo online crossplay com recurso ao código de rede rollback que promete unir ainda mais o público. Além dos tradicionais combates Ranked e Player, os jogadores em qualquer um dos sistemas também podem participar em minijogos e batalharem com um novo modo de jogo.

Tenham bem presente que até encontrarem uma personagem que se adeque ao vosso estilo de jogo vão perder muitas, mas mesmo muitas batalhas, por isso julgo que mesmo numa dura derrota se os jogadores aprenderem como evadir um ataque ou estudarem o combate no modo Replay pode ter um ganho. Para auxiliar todos os jogadores o jogo conta com uma nova mecânica a “Special Style” que consiste num conjunto de auto combos instantâneos que podem ser ativados ao pressionar o botão LB/L1.

O modo Arcade Quest é o melhor elemento para iniciarem a vossa viagem porque além de bonitinho também está repleto de tutoriais sobre as novas mecânicas

Para os mais atentos neste género, esta não é de todo uma novidade em praticamente todos os jogos, mas é importante um jogo técnico como TEKKEN 8 também receber uma mecânica de acessibilidade. Para tornar TEKKEN 8 num jogo verdadeiramente para todos, a Bandai Namco Entertainment adicionou modos de daltonismo melhorados e uma nova funcionalidade que coloca as personagens com cores sólidas para serem mais fáceis de distinguir do cenário. Outra nova mecânica que foi introduzida em TEKKEN 8 é o Heat que muda completamente o cenário dos adeptos do Torneio do Punho de Ferro. Não existem dúvidas que TEKKEN 8 tem como diretores de jogo antigos membros da Team Ninja que anteriormente produziram jogos da série Dead or Alive, este efeito é mais que notório na gameplay. A mesma está muitíssimo mais agressiva, diria mesmo furiosa, para não dar espaço ao adversário para respirar através das mecânicas Heat e Rage. Com o Heat os jogadores podem aguentar alguns dos ataques do adversário, com o Heat Burst os jogadores podem absorver um golpe e esmagar o seu adversário com um poderoso golpe especial e o Heat Smash faz com que os adversários sofram muitos danos.

A mecânica Rage é uma recorrente dos jogos TEKKEN da era moderna, contudo, regressa com uma abordagem mais agressiva. A Rage atua da mesma forma que no torneio anterior, ou seja, quando os jogadores se encontram com pouca energia. Neste estado, os ataques causam mais danos e os jogadores também podem ativar um Rage Art com o RT/R2, para libertar um poderoso ataque no adversário para virar o combate a seu favor. Estes são alguns dos ataques mais impressionantes do jogo e, sinceramente, é fantástico poder executá-los carregando apenas num único botão. Literalmente a única preocupação que os jogadores vão ter a partir de agora é a de se concentrarem no timing, pois como já foi dito em outras análises, num jogo de luta é bem mais importante aprender timings que executar comandos.

É certo que uma vertente mais furiosa pode não agradar aos mais veteranos porque anteriormente TEKKEN foi um jogo extremamente metódico diria mesmo cerebral,“quase como um jogo de malabarismo“, onde o posicionamento das personagens é tão importante como acertar um combo poderoso. Com TEKKEN 8 temos essencialmente o reverso, ou seja, um jogo muito mais rápido, furioso, que recompensa um estilo de jogo imprudente quando comparado aos anteriores.

As “Character Stories” atuam da mesma forma que os modos clássicos de história. Luta para assistires ao final da personagem controlada

Não é preciso dizer que a serie TEKKEN precisava de uma enorme remodelação gráfica dado que o anterior episódio recebeu lançamento em meados da anterior geração de consolas. Felizmente a Bandai Namco Entertainment esteve atenta a todas as últimas novidades gráficas e elevou o seu jogo com a mais recente tecnologia. O Unreal Engine 5 é um dos mais impressionantes motores gráficos de sempre e com TEKKEN 8 conseguiu atingir um equilíbrio perfeito entre gráficos requintados e direção artística. Todos os 32 lutadores nunca tiveram tão bom aspeto, embora alguns estejam exageradamente musculados, e estão incrivelmente detalhados, apresentando algumas das texturas mais impressionantes num jogo do seu género. O mesmo podemos dizer dos seus cenários. Nunca antes os ambientes estiveram tão requintados e repletos de vida, de salientar que os efeitos de iluminação também reforçam uma apresentação em 4K.

Foi com este portento gráfico com todos os elementos visuais elevados ao máximo que pude desfrutar do oitavo Torneio do Punho de Ferro na nossa build composta por processador AMD Ryzen 9 5950X, placa gráfica NVIDIA GeForce RTX 4090 MSI Suprim X, 64 GB RAM a 3600 MHz e uma unidade Samsung 990 PRO NVMe M.2 SSD. Existe outro grande segredo porque TEKKEN 7 se tornou num fenómeno global, o facto de oferecer uma das mais impressionantes e robustas ports de um jogo de luta para o PC. TEKKEN 8 continua esta tendência ao oferecer um leque de opções gráficas amplo. Vários “presets” com opções gráficas onde podemos desfrutar do jogo em resoluções até 4K, “V-Sync” (não recomendo manter acionado porque adiciona input lag), “Variable Rate Shading”, “Rendering Scale”, “Anti Antialising Quality”, “Shadow Quality”, “Texture Quality”, “Effect Quality”, “Post-Processing Quality” e “Background Quality” são os elementos gráficos disponíveis. De salientar que o jogo tem suporte para as tecnologias de upsampling NVIDIA DLSS 2, NIS, TSR e AMD FSR 1.0 Intel XeSS, e AMD FSR 2.0. Esta última é extremamente importante se estiverem a jogar o jogo numa ROG Ally porque vai permitir executarem o jogo a 60 fotogramas por segundo, a taxa máxima do jogo, no modo “AMD FSR 2 Quality” numa resolução de 900p (1600×900) com as opções gráficas em médio apesar de ser possível colocar a qualidade das texturas em “alto” a 25w.

É possível executar o jogo a 1080p até com as opções todas em “alto” ao recorrer ao modo “AMD FSR 2 Balanced”, mas não o recomendo por dois grandes motivos, o primeiro é devido ao jogo em momentos mais agitados descer abaixo dos 60 fotogramas por segundo e num ecrã de pequenas dimensões não se justifica jogar em 1080p (1920×1080) em detrimento de fluidez, que é o elemento mais importante num jogo de luta, no entanto para atingir estas frequências na pequena grande portátil da ASUS devem acionar o “V-sync” e colocar a Vram a 6GB ou até 8GB, pois este à semelhança de Ratchet & Clank: Uma dimensão à parte neste aparelho é um dos jogos que beneficia imenso de um índice de RAM a 8GB e uma taxa fixa.

Independentemente do sistema, TEKKEN 8 é um jogo visualmente arrebatador

Mas e o que podemos dizer da precursora dos PC’s form Factor, a Steam Deck? Bem para já um cenário nada animador. Dei uma valente gargalhada quando descobri que antes de executar o jogo no PC é impossível desfrutar de TEKKEN 8 na portátil porque o jogo necessita de um teclado para os jogadores colocarem o seu nome e durante um jogo a Steam Deck não dispõe de um teclado virtual. No momento de escrita desta análise TEKKEN 8 também possui um bug no Proton que faz com que os jogadores sejam desligados aleatoriamente dos combates online, por isso se tiverem amor e respeito à comunidade online e ao incrível trabalho da equipa de Harada por favor esperem até este inconveniente ficar resolvido antes de participarem. Nos modos single player na portátil da Valve recomendo utilizarem o modo de upsampling “TSR” efeitos de sombras e Anti-Aliasing em “baixo”, qualidade das sombras e texturas em “médio”, e o resto das opções em “baixo”, desta forma vão conseguir executar o jogo numa resolução 720p entre 50 a 60 fotogramas, exceto em cenário mais polvilhados de elementos onde a taxa desce e fica entre os 45 a 49 fotogramas por segundo, contudo é mais constante.

Constante, é outro elemento predominante na série TEKKEN, especialmente se falarmos da sua fantástica e energética banda sonora. TEKKEN é muito possivelmente a série de jogos de luta mais experimental nesta abordagem e com TEKKEN 8 este efeito ainda é mais presente. Desde orquestras de piano com infusão de jazz a baladas de hard rock e ritmos lo-fi e techno, enfim o jogo continua a oferecer um leque de bandas sonoras ricas e variadas com aquele saborzinho que a série já nos habituou. Diria mesmo que as faixas musicais são um elemento simbiótico nos cenários, personagens e nos seus temas visuais e criam emoções poderosas para as sequências de luta e elementos da história. Nem vos falo de um certo tema de TEKKEN 3 que vai voltar modernizado e vai ser inserido num dos momentos chave na história do jogo, acreditem que brotou uma lágrima no canto do meu olho ao presenciar esse incrível e poderoso acontecimento, porque além de nostálgico foi deveras emocionante, diria mesmo digno de permanecer no top 10 de um dos melhores battle shonens.

Em suma e para os recém-chegados a TEKKEN, posso afirmar que a banda sonora melhora uma apresentação já bastante sublime e requintada num jogo que atua em total equilíbrio com a mesma, vai uma aposta que vão ficar com os “Wohohoho wohoho” no menu de seleção de personagens retidos na vossa mente e os vão cantarolar e até dançar como a estreante e desbocada Azucena? Relativamente a personagens e linguagens o jogo é um verdadeiro sonho para qualquer emigrante porque todas as personagens falam a sua língua materna e mesmo assim todas conseguem estabelecer uma comunicação fluida e sem entraves. Isto talvez porque o jogo foi localizado em 15 idiomas por texto e amigos leitores do outro lado do oceano podem suspirar de alívio porque o jogo está localizado em Português do Brasil, e o Seu Eddie Gordo com os seus fulminantes golpes de capoeira vai brevemente regressar aos ringues como primeira personagem DLC.

TEKKEN 8 é um verdadeiro sonho tanto para os maiores competidores como para aquele grupo de amigos que se reúne aos fins de semana entre sofás acompanhados por pacotes de batatas fritas e bebidas. Estamos perante um jogo que evoca sentimentos muito pouco comuns num jogo de luta! 

Com uma apresentação gráfica incrível, uma banda sonora vinculada a todos os seus ambientes, personagens memoráveis que acompanhámos ao longo das nossas vidas e um gameplay mais imprudente e divertido, podem crer que tudo o que vivenciaram nos anteriores episódios por mais espetacular e incrível que fosse não chega sequer perto do que vão viver em TEKKEN 8.

TEKKEN 3 foi revolucionário, TEKKEN 5 estabeleceu as bases, TEKKEN 7 uniu o mundo e TEKKEN 8 conciliou e honrou todos estes valores e estabeleceu um novo legado para a série e para o seu género.  

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